Avanço sem busca
Em campos de folhagens laminadas
Onde passeio as mãos entre o capim distraído.
E do meu suorsangue fertilizado
Florescem papoulas e crisântemos.
Sem mariposa, alma alada.
Sem inseto, pneuma ou psiquê que voeje contente por sobre a colheita onde os pássaros têm o seu simpósio.
Sem cereal, azeitona ou vinho a armazenar a ânfora decorada por Helena.
Ânfora sem alma para preencher.
Estética apagada na fluidez do rio onde foi abandonada para os arqueólogos do futuro.
E rio, rio, rio...
Até que reste somente a argila dura.
Recipiente preenchido de memórias,
Que são nada.
Vazio.
Mas ainda assim tapado.
Meu barrocorpo é tudo que sou.
Mais não há.
Ou há.
Loucuras de artistas esquecidos que foram e já não são mais nem serão outra vez.
Sou todo matéria.
Sou todo certeza.
Cerâmica mil vezes estilhaçada por crianças inconsequentes
Correndo, ávidas pelo jogo.
Copiosamente reconstruído dos cacos
É preciso que habitue ao molde das delicadas mãos da ceramista enquanto o mundo gira impulsionado por ela.
2 comentários:
Ok, chega de fofura minha por hj.
Só um comentário formal sobre as poesias: gostei mais, poeticamente falando, desta :D
Não é a cerâmica que precisa de molde, é a Ceramista que que ao tocar a cerâmica bruta se molda e com isso cura sua própria alma ensinando enfim a delicadeza às suas mãos e habituando-se cautelosa e carinhosamente à cerâmica.
Ciclo...
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