Loquaz diário, hoje fui ao banco. E como de costume me deparei com aquela quilométrica fila até o solitário a abatido caixa em funcionamento.
Naquela espera tediosa, uma senhora tenta iniciar uma interessante conversa comigo. Comigo. Logo comigo!:
- Calor hoje, né?
- Ô!
- Mas tem umas nuvens aparecendo e o sol já começa a ficar encoberto. Será que chove?
- Talvez...
- Eu vi no noticiário do meio-dia, quando passou a previsão do tempo que ia chover hoje a tarde.
- ...
- Tomara que chova mesmo, não dá mais pra agüentar esse calorão que não pára! E essa seca no interior do estado ainda por cima. Seria bom se chovesse, né?
- Aham.
- Mas teria que ser uma chuva consistente que molhasse bem o chão e desse uma refrescada. Porque esse calor danado! Ainda mais aqui no vale que não tem nenhuma brisa! Tudo culpa do Efeito Estufa, só pode. Blá-blá-blá...
E ela prosseguiu nesse falatório relevante durante todo o torturante percurso até o caixa.
Ainda bem, diário, que temos conversas tão interessantes como a desta tarde no banco para nos livrar do tédio cotidiano.
24 de março de 2008
Cansado
Estou cansado.
Cansado de acordar as manhãs.
Cansado de ver o dia nascer e morrer ante meus olhos cansados de ver.
Cansado de observar a lua nua crua na rua me mirando do céu,
como se até ela notasse e anunciasse o meu cansaço.
Cansado de toda essa gente
zanzando intermitente,
epalhando pólen e colhendo néctar para levar o mel
a uma colméia sem rainha.
Cansado de ouvir o som,
esse zum-zum-zum irritante
de anúncio altissonante
do tédio que não tem fim.
Cansado de cheirar o monstruoso amontoado mal-cheiroso
de um mundo supérfice que apodrece.
Cansado de tanto arrosto
apenas para provar o gosto insosso
e tocar a parede fria
num sem-sentido dos sentidos.
Cansado de fazer planos
para um futuro que nunca chega.
Um futuro que não existe fora dos meus sonhos cansados de sonhar.
Cansado de acordar as manhãs.
Cansado de ver o dia nascer e morrer ante meus olhos cansados de ver.
Cansado de observar a lua nua crua na rua me mirando do céu,
como se até ela notasse e anunciasse o meu cansaço.
Cansado de toda essa gente
zanzando intermitente,
epalhando pólen e colhendo néctar para levar o mel
a uma colméia sem rainha.
Cansado de ouvir o som,
esse zum-zum-zum irritante
de anúncio altissonante
do tédio que não tem fim.
Cansado de cheirar o monstruoso amontoado mal-cheiroso
de um mundo supérfice que apodrece.
Cansado de tanto arrosto
apenas para provar o gosto insosso
e tocar a parede fria
num sem-sentido dos sentidos.
Cansado de fazer planos
para um futuro que nunca chega.
Um futuro que não existe fora dos meus sonhos cansados de sonhar.
1 de março de 2008
Eu
Eu. Meu. Teu.
Eu: fariseu ou filisteu? Talvez, quem sabe, apenas um mutante Proteu. Sei eu.
No mundo existem bilhões de eu. Mas nenhum deles me importa. Tudo o que me interessa sou eu, bilhões de vezes eu.
Quem sou eu? Nem apaixonado Romeu, nem heróico Perseu, nem potente Briareu, sou eu apenas um desconhecido plebeu.
E aí, entendeu? Que merda, então fodeu.
Eu: fariseu ou filisteu? Talvez, quem sabe, apenas um mutante Proteu. Sei eu.
No mundo existem bilhões de eu. Mas nenhum deles me importa. Tudo o que me interessa sou eu, bilhões de vezes eu.
Quem sou eu? Nem apaixonado Romeu, nem heróico Perseu, nem potente Briareu, sou eu apenas um desconhecido plebeu.
E aí, entendeu? Que merda, então fodeu.
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