23 de novembro de 2009

Nada tenho a te oferecer

Nada tenho a te oferecer. Te peço perdão por isso. Por ser um sem-nada, um comum sem nada de extraordinário a te oferecer.

Nada tenho a te oferecer, flor do meu jardim. Nada a não ser o calor da proximidade no inverno ou o abrigo do sol. Nada além disso. Nada a não ser observar a tua beleza, te admirar durante horas, dias, anos. Te ver e me encantar com tua beleza desde o lindo botão que eras até o teu desabrochar, quando te tornaste a mais linda flor do meu jardim. E continuar te olhando, sem parar, sem cansar de contemplar o que de mais belo já tocou meus olhos. Prosseguir te olhando até que o céu escureça e clareie de novo mais de vinte mil vezes, quando o tempo cobrará o seu preço em nós e aos poucos formos murchando e uma a uma perderás tuas lindas pétalas suaves. E continuarei te olhando e te acharei bela até o final.

Nada tenho a te oferecer, bichana manhosa. Nada a não ser acariciar contente o teu pelo macio. Nada a não ser dividir meu alimento contigo. Nada a não ser o conforto aquecido do meu colo quando estiveres cansada, com sono ou carente. Nada além disso. Nada a não ser ir onde quiseres, desde que retornes para mim e tenha apenas um leito onde repousares. E se um dia fores e não voltares, ficarei preocupado e te irei buscar. Mas deixarei que vás, se assim quiseres, com lágrimas apenas em meu coração.

Nada tenho a te oferecer, pequena criança. Nada a não ser toda a ternura e afeto de que disponho. Nada a não ser um sorriso de complacência. Nada a não ser o perdão se errares ou a minha retratação se eu errar. Nada além da minha proteção, do meu abraço quando estiveres triste, frustrada ou com medo. Nada além disso. Não tenho nada a te oferecer, a não ser a promessa de que não conhecerás a solidão nem o desamparo enquanto segurares bem firme a minha mão.

Nada tenho a te oferecer. Perdão se em troca deste nada que te ofereço, peço a enormidade de me amar.

19 de novembro de 2009

Vida Grega

Nessa trajetória que percorro, quero apenas vagar pela ágora da Hélade e ter uma vida repleta de moderados prazeres epicuristas, humor cínico, visão cética e uma morte estóica.