20 de maio de 2014

"Je t'aime, ô capitale infâme!"

Gosto de me sentir meio Baudelaire toda vez que passeio em Porto Alegre. Sempre lembro de uns versos de um poema incompleto dele sobre Paris:

"Je t'aime, ô capitale infâme! Courtisanes
Et bandits, tels souvent vous offrez des plaisirs
Que ne comprennent pas les vulgaires profanes"

Observando o centro da cidade sujo e fedorento, com seus lindos prédios decadentes, ao mesmo tempo tão vivos da história que ainda se estende pelas calçadas soltas sob os pés das pessoas apressadas. Gente esfarrapada e elegante, seres humanos assustadores e as mais belas representantes da beleza da cidade. Feiúra e encantamento convivem. Apresentações musicais, teatrais, manifestações religiosas e políticas, mendigos, ambulantes, anunciantes, tudo isso ao mesmo tempo na cacofonia de uma grande cidade. É preciso pouco para sentir nojo de Porto Alegre, assim como é preciso pouco também para amá-la.

Te amo, capital infame! Porto Alegre está longe de parecer Paris, mas eu também não sou lá nenhum Baudelaire.