Eu daria um beijo em Fernando Pessoa. Obrigado pela genialidade. Obrigado por ter
escrito de maneira tão linda a forma como eu penso e me sinto. Obrigado por me
emocionar a cada poema, por me fazer refletir, por conversar com a minha
melancolia, obrigado pela lucidez e pela alucinação.
Eu daria um beijo em Fernando Pessoa de forma violenta,
máscula, como um golpe maxilar. Para ferir. Como eu saio ferido de vários de seus
poemas. Um golpe repleto de sentido. E sentir. Sem romantismo, porque nem eu
nem Fernando Pessoa somos românticos. A poesia de Fernando Pessoa não é
romântica. É moderna, pós-moderna! Cansamos de ser eternos, Drummond...
De lábios fechados, eu daria um beijo em Fernando Pessoa,
porque não é pela boca que existe sentido, mas nos olhos das mãos que escrevem e
leem o poema. Não é preciso abrir os lábios para dar expressão ou dar um beijo
em Fernando Pessoa.
Eu daria um beijo em Fernando Pessoa, sem problemas de orgulho
ou de masculinidade. O beijo que eu daria em Fernando Pessoa não passa de
metáfora poética pelo gênio que não cabe na voz.