Estou cansado.
Cansado de acordar as manhãs.
Cansado de ver o dia nascer e morrer ante meus olhos cansados de ver.
Cansado de observar a lua nua crua na rua me mirando do céu,
como se até ela notasse e anunciasse o meu cansaço.
Cansado de toda essa gente
zanzando intermitente,
epalhando pólen e colhendo néctar para levar o mel
a uma colméia sem rainha.
Cansado de ouvir o som,
esse zum-zum-zum irritante
de anúncio altissonante
do tédio que não tem fim.
Cansado de cheirar o monstruoso amontoado mal-cheiroso
de um mundo supérfice que apodrece.
Cansado de tanto arrosto
apenas para provar o gosto insosso
e tocar a parede fria
num sem-sentido dos sentidos.
Cansado de fazer planos
para um futuro que nunca chega.
Um futuro que não existe fora dos meus sonhos cansados de sonhar.
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