17 de outubro de 2007

Vida de Mariposa

Estava indo para a faculdade quando a van parou num semáforo e olhei pela janela. Tentando atravessar a rua vi uma mariposa ferida: não conseguia voar. O deslocamento de ar provocado pela passagem dos carros velozes interrompia seu avanço teimoso, arremessando-a ao ponto de partida, apesar da luta dela para se agarrar ao chão.

Cada automóvel que passava e não a esmagava lhe concedia instantes mais de tentativas para chegar ao outro lado.

Enxerguei naquela mariposa, uma pequena metáfora de nossas próprias vidas. Também nós ansiamos por objetivos banais e sem propósito, como um simples atravessar de rua, na esperança de que o outro lado seja melhor que este. Também só nos agarramos firmemente a esses objetivos, resistindo às rajadas de vento. também nós arriscamos a vida por esses objetivos. Riscos que nem precisam representar possibilidade de morte.

Nossa vida é uma vida de mariposa. Mariposa que não voa.

Um comentário:

Tiago disse...

Presos a objetivos que não existem. O Paraíso, entre tantos outros, é apenas um termo inventado para lutarmos aqui, sofrermos aqui, não ligarmos para a discórdia existente.
E então voltamos para aquela velha pergunta: qual o sentido de... tudo.

Talvez o próprio sentido não exista.