Ó fantasma, fantasma de incomparável beleza,
   Que és? Súcubo diurno ou anjo de luz dourada?
   Assombras meus dias e minhas noites com tua imagem onírica
   E permanece calada. Por quê?
   Será por que também eu emudeço diante de ti?
   Tua boca é o silencioso túmulo do meu amor
   E teus olhos tristes o reflexo da minha dor, que também é tua.
   De repente, vais embora.
   Deixando para trás perfumadas pegadas de jasmim
   E os esvoaçantes cabelos, feito véu de ouro das núpcias adiadas.
   Fica somente o porquê. Mas não o porquê de vires.
   Isso o sei bem, desde que nasci, agora percebo:
   Vieste para me fazer ver além dos meus olhos, me emprestando os teus,
   A tal ponto que ter vida e ver os teus olhos se tornassem a mesma coisa.
   E eu seria feliz.
   Mas por que, por que foste embora?
   Tão triste e sem palavras?
   Também eu não pude dizer nada.
   Serei eu
   Fantasma para ti,
   Assim como és fantasma para mim?
 
